“Nada mais importante para evocar a convivência, o intercâmbio entre muçulmanos e cristãos na Península Ibérica do que a chamada arte mudéjar" PALAZZO, 2009.
ESTILIZAÇÃO ISLÂMICA
Estilização Islâmica: “Seus padrões geométricos – os “arabescos” – criam um característico efeito de simetria e de saturação gráfica. Porém, acima de tudo, tais estruturas não visam representar coisa alguma. Para o Islã, usar a arte como meio de imitação seria não apenas impossível como também indesejável, porque o mundo visível consiste no domínio do particular, do transitório, do aparente. O que o artista muçulmano almeja é, isto sim, a essência das coisas. Daí que seu percurso criativo privilegie as formas puras, abstratas e eternas (como as da geometria). Diversamente do que ocorre na tradição de matriz europeia, dominada pelo figurativismo, tal linguagem não serve para representar – mas sim para tornar presente. Ao invés de cópias, simulacros, fetiches, sua tarefa é nos colocar em contato direto com a experiência do sagrado por meio de símbolos”. Plinio Freire Gomes (Museu de Arte Sacra de São Paulo)
ARTE MUDÉJAR
O estilo usado na intervenção palaciana de Pedro foi o mudéjar. Simbiose das culturas cristã e muçulmana, este estilo incorpora as confluências[1] estéticas românicas, góticas, renascentistas e islâmicas, consequência dos mais de séculos de convivência no Al- Andaluz. Este estilo incorpora as relações cordiais e os contatos culturais profundos na Península Ibérica. Arte mudéjar, portanto é uma nova realidade artística, autônoma e apartada da arte hispano-muçulmana, sendo o resultado das condições de convivência da Península Ibérica medieval, estando na fronteira de ambas as culturas. É o elo entre a cristandade e o Islã.
ARTE USADA COMO FONTE HISTÓRICA
Ainda hoje o senso comum considera a Idade Média como tempo marcado pela mistificação e pela simplificação, época de castelos, monges, reis e plebeus. Entretanto, ao analisarmos a estrutura social medieval desmistificamos esta classificação simplória, destacando a multiculturalidade deste tempo. O uso de um monumento artístico para produção de conhecimento histórico exige um mergulho na sociedade em estudo ou como diria o saudoso Umberto Eco é necessária a ambientação de um produto artístico para sua interpretação ou como afirma Gonzalo Gualis, a metodologia histórica é a única que pode esclarecer em profundidade a definição e características do estilo artístico. Nossa proposta é compreender a imagem como um rastro histórico, mesmo que qualificado como arte. Sendo mais que um objeto, uma relação!